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Comemorado no Brasil em 15 de julho, desde 1992, o Dia do Homem é ainda uma data pouco conhecida. Então, por que decidimos falar dela? Neste texto vamos aproveitar a data comemorativa para mobilizar um diálogo importante: a construção prejudicial em torno do que é ser um "homem de verdade" e as possibilidades de viver uma masculinidade mais saudável.
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A caixa dos homens é uma metáfora utilizada para representar as noções de “homem de verdade” que foram construídas ao longo do tempo e baseadas em diversos preconceitos.
Imagine uma caixa contendo todos os comportamentos que um homem deveria seguir para ser aceito em sociedade. Como por exemplo: ser heterossexual, fisicamente apto, corajoso e forte. Inclua ainda a necessidade de não demonstrar emoções, não chorar, não cometer erros e não desistir.
Todas essas expectativas sobre o que é ser homem afetam não apenas de forma individual, mas também coletiva. Muitos dos comportamentos tidos como louváveis são agressivos e levam a casos de violência entre homens e de homens contra mulheres – de acordo com o Atlas da Violência 2020, 91% das vítimas de homicídio são homens. Além disso, a tentativa de se enquadrar ou de se manter no padrão traz inúmeros prejuízos físicos e emocionais ao homem, que pode se encontrar em constante estado de pressão, culpa e solidão.
O incentivo a não mostrar fragilidade é especialmente negativo. Muitas vezes iniciado na infância, pode levar ao bloqueio emocional, quando a pessoa não consegue expressar ou trabalhar suas emoções. Felizmente, existem muitos espaços de acolhimento e de cuidado, como é o caso da terapia, que ajudam o homem a compartilhar e demonstrar emoções positivamente.
Utilizar o termo masculinidades, no plural, "é a única possibilidade de entender os homens em suas complexidades, ao mesmo tempo em que se produz rupturas com o modelo hegemônico que sustenta a configuração específica sobre quem é homem, negando todos aqueles que se autoproclamam como tal, mas não cumprem os alinhamentos normativos", comenta o psicólogo Diogo Sousa Silva em entrevista à Fiocruz. Considerar que é possível construir sua masculinidade para além da brutalidade esperada, por exemplo, é extrapolar a caixa dos homens, sobre a qual falamos anteriormente.
O termo "masculinidade tóxica" tem sido utilizado para se referir à construção nociva do que é ser homem, que impacta o sujeito em si e as pessoas que estão em seu convívio. Assim, ao falarmos de outras masculinidades, falamos sobre as saudáveis, desejáveis e possíveis de se exercer.
Para Cláudio Serva, fundador do Prazerele, tratar as masculinidades cria uma possibilidade “de você expressar aquilo que você quer expressar, seja o que for, que venha da sua humanidade”.
Um ponto importante é pensar, e colocar em prática, uma nova forma de educar as crianças em vias de construir um futuro diferente. Listamos, a seguir, algumas sugestões de incentivo para que elas exerçam masculinidades saudáveis ou que saibam identificar isso em outras pessoas quando adultas.
1- Procure não diferenciar comportamentos, ações e atitudes como masculinas ou femininas. Estimule, nas crianças, características humanas e desejáveis a todas as pessoas:
▲ Evite expressões que reforçam estereótipos, como “meninos são assim mesmo” e “mulher deve se dar ao respeito”;
▲ Elogie e incentive comportamentos pacíficos e responsáveis, como gestos de carinho com outras pessoas, conversa, compartilhamento e colaboração;
▲ Substitua a ideia de que o homem deve ser cavalheiro com mulheres pela ideia de que eles devem ser gentis com todas as pessoas;
▲ Não rotule brinquedos, objetos ou comportamentos como sendo “de menina” ou “de menino”. É importante oferecer todos os estímulos e ferramentas disponíveis para que as crianças sejam desafiadas e tenham sua criatividade, aprendizado e senso de responsabilidade desenvolvidos;
▲ Inclua a criança nas atividades da casa, ensinando que todas as pessoas são responsáveis pelo espaço no qual convivem. Isso significa não designar atividades ou papéis específicos para homens e mulheres, assim como não dar a entender que homens apenas ajudam mulheres com as tarefas domésticas;
▲ Da mesma maneira, ensine que isso também acontece com relação à manutenção financeira da casa. Em outras palavras, que o trabalho não é uma obrigação ou um direito apenas masculino.
2- Ensine que os sentimentos importam e faça da conversa sobre eles um hábito:
▲ Fale com naturalidade sobre emoções e sobre como está tudo bem demonstrar fragilidade e ser vulnerável, pois são aspectos comuns a todos nós;
▲ Ao perceber que a criança quer chorar, tranquilize-a mostrando que chorar é um direito e não uma fraqueza;
▲ Deixe a criança se expressar como quiser em suas atividades e brincadeiras;
▲ Não utilize expressões pejorativas, como “seja homem”, que dão a entender que demonstrar emoções é algo exclusivo de mulheres;
▲ Ensine a criança a lidar com a agressividade de uma maneira positiva. Ou seja, mostre que há outras emoções e como resolver conflitos de maneira pacífica, com diálogo;
▲ Reforce a ideia de que todas as pessoas precisam de ajuda umas das outras e que isso não as torna fracas. Incentive que a criança ou o(a) jovem se abra com pessoas em quem confia, incluindo outros homens (amigos, por exemplo), e que fale de suas dificuldades e inseguranças.
3- Converse com a criança sobre o amor e que este sentimento não tem nenhuma relação com violência e dominação. Além disso, incentive relações construtivas entre homens e mulheres:
▲ Mostre à criança que, se ela gosta de outra, deve tratá-la com carinho e respeito. Desencoraje situações em que a violência é justificada com expressões como “ele faz isso porque gosta dela(e)”;
▲ Ensine sobre responsabilidade afetiva que todas as pessoas devem ter umas com as outras. Evite expressões que demonstrem poder do homem sobre outra pessoa, como dizer que o menino “destruirá corações quando crescer”;
▲ Reforce a importância de aceitar as diferenças e respeitar o espaço das pessoas. É importante que a criança aprenda, desde a infância, a necessidade do consentimento tanto para tocar em alguém, como para ser tocada;
▲ Estimule amizade entre meninos e meninas sem outras conotações relacionais que não o coleguismo.
Ao viver uma masculinidade saudável ou conviver com quem a pratica, você demonstra com suas próprias ações os passos que a criança deve seguir ou o comportamento que ela deve esperar e exigir de outros homens.
Este texto é uma iniciativa do Comitê de Diversidade da Caiena, que é composto por membros de todos os times da empresa e planeja, periodicamente, ações internas e externas sobre o tema. Conheça mais sobre o Comitê clicando aqui!
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