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Alan Turing é bastante conhecido no mundo da computação, por inúmeras contribuições ao meio, dentre elas o Teste de Turing. No entanto, para o grande público, ele passaria a ser reconhecido após o lançamento de sua cinebiografia estrelada pelo ator Benedict Cumberbatch. Neste conteúdo, o desenvolvedor de software front-end Luiz Santos, fala não apenas sobre as contribuições deste grande intelectual britânico nos campos da matemática, criptografia, ciência da computação e inteligência artificial, mas também da sua vida conturbada e pelo alto preço que pagou pela sua orientação sexual em 1952. Siga com a leitura e saiba mais sobre este orgulho da tecnologia e da comunidade LGBT+.
Vida e obra de Alan Turing
Embora Alan Turing tivesse uma família “comum”, como poderíamos mencionar, foi afastado cedo dos pais por questões profissionais. Foi deixado com seu irmão mais velho para juntos serem criados por um coronel reformado e sua esposa, enquanto os pais trabalhavam em serviços administrativos na Índia.
Aos 13 anos, Alan Turing foi enviado a um internato, e muito embora fosse uma pessoa de solidão intensa, como menciona o autor e jornalista Walter Isaacson no livro “Os Inovadores”, de 2014, foi lá que Turing se percebeu homossexual e se apaixonou por um colega de classe chamado Christopher Morcom, jovem que também é retratado no filme “O Jogo da Imitação”. O longa narra parte da vida do matemático e também a sua grande contribuição para que o governo britânico conseguisse vencer os nazistas decifrando os códigos que eram passados pela máquina de criptografia conhecida por Enigma.
Isaacson nos faz saber que Alan Turing e Christopher Morcom estudavam e discutiam matemática e filosofia, seus assuntos favoritos, mas também em como esta relação secreta durou muito pouco, pois o jovem Christopher viria a falecer de tuberculose pouco antes de se formarem. Sua relação com o jovem era extremamente profunda, em uma carta à mãe de Morcom, Turing diria:
“Eu simplesmente adorava o chão que ele pisava – algo que nunca tentei disfarçar, lamento dizer”.
Trecho retirado do livro “Os Inovadores”, de Walter Isaacson (2014).
E à sua própria mãe, em outra carta, Turing, apoiava-se na sua fé ao mencionar o seu amado companheiro:
“Sinto que irei encontrar Morcom de novo em algum lugar e que lá ainda haverá trabalho para fazermos juntos, como acredito que havia trabalho para fazermos juntos aqui. Agora que fui deixado para fazer isso sozinho, não posso decepcioná-lo. Se tiver êxito, estarei mais apto a fazer companhia a ele do que estou hoje.”
Trecho retirado do livro “Os Inovadores”, de Walter Isaacson (2014).
A perda do seu amigo e amor Christopher Morcom viria a abalar profundamente Turing, que se tornou uma pessoa introspectiva e de difícil relação. No entanto, pôde contar com o apoio de colegas e tutores que desconheciam a sua orientação sexual, mas reconheciam o seu intelecto, como foi o caso do seu tutor Max Newman, quando o recomendou ao matemático de Princeton, Alonzo Church. Em sua carta, Newman descreve o enorme potencial de seu aluno, mas também faz um pedido pessoal, dada a personalidade dele:
“Ele tem trabalhado sem qualquer supervisão ou crítica de qualquer pessoa… Isso torna ainda mais importante que ele entre em contato o mais cedo possível com aqueles que são referência nessa área, de modo que não venha a se tornar um solitário irremediável”.
Da vergonha ao orgulho
Isaacson diz que a homossexualidade de Alan Turing o fazia se sentir um estranho; evitava sempre que podia compromissos pessoais significativos. Mesmo assim, isso não o impediu de que se relacionasse (ao seu modo) com uma mulher, Joan Clarke, com quem também teria trabalhado. Também a podemos ver representada no filme de 2014.
Alan Turing também teria se aproximado de Joan a ponto de pedi-la em casamento, no entanto, se viu obrigado a contar a ela sobre sua homossexualidade. A moça não se importou e sugeriu uma relação platônica entre os dois, o que ele recusaria, pois achava que a união seria uma fraude. Por fim, decidiu encerrar a relação com a colega.
Mais tarde, podemos ver no filme que Alan Turing viria a ser processado por “indecência”, uma vez que ser homossexual era algo ilegal na época na Inglaterra. Foi condenado a se submeter à castração química, o que prejudicou severamente sua saúde física e mental.
Turing tragicamente seria encontrado morto aos 41 anos de idade, indicando que teria se suicidado. Para este dia, é importante relembrarmos, mesmo que de maneira breve, a história de vida e algumas das contribuições deste grande matemático. Infelizmente, apesar de sua genialidade e grandes contribuições, foi punido por sua orientação sexual.
Devido à ilegalidade da homossexualidade na Inglaterra, suas contribuições seriam por muitos anos obscurecidas; somente em 2009 receberia um pedido formal de desculpas do governo britânico, e em 2013 o perdão real póstumo da rainha Elizabeth II, tornando assim um grande orgulho da comunidade LGBT+.
Essa é uma das iniciativas do Comitê de Diversidade da Caiena. Produzimos conteúdos que visam promover a reflexão e o diálogo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Saiba mais sobre o Comitê de Diversidade da Caiena aqui.