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Os termos “disrupção” e “inovação disruptiva” viraram chavões no mundo do empreendedorismo. De tanto serem usados, foram se esvaziando, chegando ao ponto de levantar suspeitas dos mais atentos quando são citados em apresentações, textos e eventos por aí.
Mas o que é inovação disruptiva? E quando faz mesmo sentido usar esse termo?
Navegue pelo conteúdo:
Disrupção é um tipo de inovação que transforma a maneira como resolvemos um problema ou realizamos uma atividade qualquer, impactando toda a economia e o mercado em que está inserida.
Isso pode acontecer por meio da criação de algo completamente novo (como um telefone celular), ou pela criação de maneiras novas (e, normalmente, mais baratas) de fazer algo que já existe, tornando o produto ou serviço acessível para novos grupos de pessoas.
Em geral, a disrupção está associada a inovações que causam desestabilização no mercado, mudando os atores que estão no topo de determinado setor.
Essas inovações costumam mirar pequenos mercados e, portanto, pequenas margens de lucro à princípio. No entanto, logo se expandem graças à proposta de valor inédita, incomodando competidores até então consolidados e, muitas vezes, obrigando-os a também repensar seus negócios.
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O termo, da forma como hoje é utilizado, foi criado pelo professor de Harvard, Clayton Christensen, inspirado na ideia de “destruição criativa” de outro famoso economista, Joseph Schumpeter.
A ideia de destruição criativa descrevia como, na visão de Schumpeter, funcionavam os ciclos do capitalismo: novas tecnologias surgem, tomam o mercado e fazem os players anteriores sucumbirem.
Os streamings, por exemplo, mudaram a forma como consumimos filmes e séries e, com isso, gradativamente acabaram com as locadoras de DVDs.
Os aplicativos de transporte não acabaram com os táxis, mas inseriram um novo modelo de negócio para prestar esse serviço, tornando-o muito mais barato e prático.
Com isso, pessoas que nunca puderam pagar um táxi, agora se locomovem por meio desses apps, e taxistas tradicionais, que antes dominavam o mercado, têm que se adaptar à nova realidade para não deixar de existir.
Desde que o conceito de tecnologia disruptiva foi criado e defendido por Christensen, a disrupção ganhou visibilidade e é cada vez mais considerada como inevitável, como única forma de sobreviver no mercado. Isso porque, para ele, ou as empresas "disruptam" ou serão desbancadas por quem "desruptar".
Nesse sentido, nem toda inovação é disruptiva – apenas aquelas que transformam drasticamente o mercado ou criam um novo.
Para explicar isso, podemos pensar a partir da diferença entre inovação sustentável e inovação disruptiva.
A inovação sustentável é aquela que não transforma o mercado, e o produto ou serviço criado simplesmente compete com os outros produtos/serviços já existentes no setor.
Já a inovação disruptiva abala as estruturas do setor, muda a forma como fazemos ou consumimos algo e pode impactar significativamente os antigos líderes do mercado.
A disrupção tende a ser vendida como inevitável e positiva para o funcionamento do mercado. Por ser definida como uma inovação que torna os produtos e serviços mais baratos, melhores e mais acessíveis, é vista como intrinsecamente boa para os consumidores.
No entanto, é importante não romantizar o tema. Na Caiena, acreditamos que a característica mais importante de toda tecnologia deve ser atender as necessidades dos usuários, ou seja, melhorar a vida das pessoas. Algumas vezes, isso exige uma disrupção; outras vezes, não.
Entendemos que isso é tão importante porque ajuda empresas e profissionais a manterem o foco, e evitarem entrar no caminho da inovação vazia, da disrupção guiada exclusivamente pelo desejo de desbancar mercados e ficar conhecido nos círculos de inovadores.
Além disso, mesmo quando a inovação disruptiva cria novos benefícios, também pode criar (ou intensificar) novas complicações.
Voltemos ao exemplo dos aplicativos de transporte. Sim, apps como Uber fizeram com que milhões de pessoas no mundo todo que nunca tiveram dinheiro para uma corrida de táxi pudessem agora utilizar esse transporte.
Mas, ao mesmo tempo, potencializaram a chamada gig economy, um formato de contratação que não oferece nenhum tipo de benefício ou direito trabalhista aos profissionais.
Ou seja, toda transformação, mesmo que muito positiva, também traz à tona novas questões e problemas que precisam ser considerados e endereçados.
A inovação disruptiva é aquela que transforma drasticamente a forma como consumimos algo ou realizamos uma atividade. É aquela inovação que desbanca líderes de mercado, muda modelos de negócio e pode transformar até mesmo visões de mundo.
É inevitável que ela aconteça, pois pessoas e empresas estão sempre pensando em novas formas de resolver um problema, alcançar um determinado público e aumentar receitas.
Seus resultados podem ser muito positivos, mas é importante não transformar a disrupção no objetivo final do seu negócio ou trabalho.
Afinal, a característica mais importante de toda nova ideia não deve ser seu potencial de transformar o mercado, mas sim seu potencial de resolver um problema. Se, por consequência, essa solução tiver o poder de transformar um mercado, ótimo!
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