A realidade das pequenas e médias empresas do Brasil

Ser dono do próprio negócio é um sonho que tem se tornado realidade na vida de muitas pessoas no Brasil. Somente em 2024, já foram abertas 2,8 milhões de pequenas empresas no país, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Os números representam microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte, as MPMEs, e personificam a busca de muitas pessoas por objetivos diversos. 

Afinal, por trás de cada CNJP, existe uma história única e a vontade de alcançar conquistas como uma melhor condição de vida para si e para a família, crescimento profissional e  inclusão social, entre muitos outros sonhos.

O setor de serviços é o de maior representatividade entre as MPMEs, sendo responsável por 61% das aberturas de pequenas empresas nos oito primeiros meses de 2024, o que totaliza 1,7 milhão de novos negócios no segmento. Em seguida, os novos CNPJs são representados por empreendedores do comércio (25,6%), indústria (7,9%), construção (7%) e agropecuária (0,7%).

Não podemos nos esquecer que, graças a recursos modernos e à transformação digital, empreendedores têm hoje mais acesso e oportunidades de se desenvolverem. Por isso, decidimos falar sobre a realidade das pequenas e médias empresas do Brasil e também do mundo, que prosperam em paralelo à evolução da tecnologia.

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• As pequenas e médias empresas do Brasil em 2024
• Desafios das pequenas e médias empresas no mundo
• Por que as pequenas empresas fecham?
• O impacto da tecnologia na evolução das empresas

No relatório "Um microscópio sobre as pequenas empresas: A oportunidade de produtividade por país" (tradução livre), realizado pela consultoria McKinsey sobre o Brasil, foi identificado que as MPMEs nacionais são responsáveis por 47% do valor agregado da economia, sendo que mais da metade disso é representada por negócios do comércio, construção, serviços profissionais, hospedagem e alimentação. 

Além disso, as pequenas e médias empresas são responsáveis por 63% da geração de empregos. Nos países de economias emergentes, a média é de 49% e 77%, respectivamente. Porém, as pequenas e médias empresas do Brasil apresentam grau de produtividade de 54% em comparação às grandes empresas, resultado que também supera a média das nações emergentes, que é de 29%.

O crescimento do empreendedorismo no Brasil é visto como um importante instrumento de inclusão social, conforme apurado pela pesquisa “Monitoramento Global do Empreendedorismo (GEM)”, divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

‍“A população de baixa renda e escolaridade mais baixa é menos empreendedora. São pessoas que empreendem por necessidade, em empreendimentos informais, praticamente não geram postos de trabalho e tampouco inovação. Então, essa população merece uma atenção maior, outros programas de inclusão, além dos voltados ao empreendedorismo”.

^{Simara Greco, estatística e coordenadora da pesquisa GEM Brasil.} 

Para concluir, os especialistas da pesquisa “Monitoramento Global do Empreendedorismo (GEM)" apontam que, entre os fatores positivos que impulsionam o empreendedorismo no Brasil, está a facilidade em acesso à infraestrutura, como ao aluguel, e de lidar com custos de comunicação, gás, água, energia elétrica e saneamento. A dinâmica do mercado interno também é um fator que oferece novas oportunidades de negócios, e as melhorias no ensino de empreendedorismo nas escolas e de capacitação das pessoas completam esse impulsionamento.

Não podemos deixar de ressaltar a importância das pequenas e médias empresas do Brasil na geração de empregos do país. Entre janeiro e julho de 2024, 1,49 milhão de pessoas foram contratadas. Deste total, mais de 900 mil empregos formais são referentes à vagas criadas por pequenas empresas. Ou seja, como também identificou a McKinsey, mais de 60% dos postos de trabalho gerados no Brasil surgiram a partir destes negócios.

Hoje, segundo o relatório “A microscope on small businesses” (em tradução literal, “Um olhar microscópico sobre pequenas empresas”), da consultoria McKinsey, as micro, pequenas e médias empresas representam cerca de metade do PIB Global. E, em alguns países, essa participação na economia é ainda maior: em Portugal, Israel, Indonésia e Itália, elas representam mais de 60% da economia; no Quênia, esse valor chega a 96%. 

Para completar, as MPMEs são responsáveis por cerca de 40% de todos os empregos no mundo e por 70% do emprego no setor empresarial. Entre os setores que os negócios desta categoria têm maior desempenho a nível global estão o de acomodação, alimentação, construção, serviços profissionais e comércio. 

Porém, existem muitos elementos variáveis nos cenários de desenvolvimento das pequenas e médias empresas globais, já que elas podem ser compostas por apenas um indivíduo autônomo ou por mais funcionários. Ainda de acordo com a McKinsey, se as MPMEs conseguissem reduzir a lacuna de produtividade em relação às grandes empresas, isso poderia aumentar as ofertas de emprego e o crescimento da economia, incluindo a resiliência frente a cenários incertos.

Alguns negócios já conseguem avançar nesse sentido. Uma em cada cinco das grandes empresas atuais (com capitalização de mercado acima de US$10 bilhões), foram MPMEs nos anos 2000. Em economias emergentes, as pequenas e médias empresas apresentam maior dinamismo que em comparação às das economias avançadas nos setores de construção, serviços públicos e transporte. Isso seria reflexo dos investimentos em infraestrutura física, que tendem a crescer mais rapidamente em países em desenvolvimento. 

Antes fosse o caminho do crescimento das pequenas e médias empresas uma estrada de tijolos de ouro, como em "O Mágico de Oz". Na verdade, esta é uma rota incerta, que pode ter como destino o sucesso ou o fim das atividades. É um risco intrínseco ao empreender.

Alguns negócios podem crescer e se tornar grandes empresas, outros podem ser adquiridos por empresas maiores, e algumas podem fechar, encerrando as operações e abrindo espaço para novos negócios que estão nessa concorrida estrada. Para a McKinsey, algumas medidas como a facilitação do acesso ao crédito e incentivo à capacitação da força de trabalho podem fortalecer a produtividade e longevidade das pequenas e médias empresas. 

Outra estratégia seria a de fortalecer interações entre grandes e pequenos negócios. Investimentos em infraestrutura física e digital, estruturação e transparência das regulamentações e o estímulo à concorrência também seriam caminhos que a consultoria indica para reduzir barreiras comerciais e garantir acesso mais igualitário das pequenas e médias empresas ao capital financeiro.

Mas os pequenos empreendedores estão mais positivos em 2024. De acordo com o Índice de Confiança dos MEI (IC-MEI) de julho, houve um crescimento de mais de 1,7 ponto em relação a julho de 2023 neste resultado, que subiu também 4,9 pontos em relação a junho. Então, essa foi a segunda alta consecutiva da confiança dos empreendedores em 2024. O índice é resultado do cruzamento entre a avaliação da situação atual, a tendência dos negócios e a demanda prevista.

‍"O empreendedorismo é assim, tem a cara do Brasil que não espera. São brasileiros e brasileiras que produzem a economia, que é o alicerce da base do desenvolvimento da nossa nação. São pessoas que têm a capacidade de se virar todos os dias e garantir a própria subsistência".

^{Décio Lima, presidente do Sebrae}

Então, como garantir processos eficazes e eficientes de gestão de dados e melhorar a tomada de decisões desses negócios? Temos uma resposta para essa pergunta a partir da nossa experiência com o projeto SME Data Framework, para Moçambique. 

Recentemente, realizamos a consultoria para o design deste framework para uma base de dados de micro, pequenas e médias empresas do país. A iniciativa integra o projeto "Economic Linkages for Diversification” (“Vínculos econômicos para diversificação”, em tradução livre), do Ministério da Economia de Moçambique com financiamento do Banco Mundial.

O design do SME Data Framework resultará na criação de uma estrutura de dados que estabelecerá padrões, métodos, conjunto de responsabilidades e processos comuns para padronizar, integrar e armazenar dados sobre os negócios em Moçambique.

E estamos falando de uma tecnologia que terá grande impacto social e econômico no país africano. Para ter uma melhor dimensão sobre isso, é importante entender alguns números, que apresentamos a seguir.

Além disso, é importante saber que Moçambique é um país cuja economia ainda está centrada no setor primário. O setor informal representa a maioria dessas empresas moçambicanas, apesar de essa realidade vir diminuindo nos últimos anos. Aqui, falamos, principalmente, de pequenos agricultores e empresas familiares. Estima-se que cerca de 89% das empresas sejam informais e que elas representam 30,9% do PIB.

Seja em Moçambique, no Brasil, ou em qualquer outra localidade, na Caiena, acreditamos no poder da tecnologia como ferramenta para gerar impacto positivo em nossa sociedade. Como refletimos lá no começo, por trás de cada empresa, existem sonhos, e eles podem transformar realidades e a vida de muitas pessoas.