Análise: o Brasil entre as 10 maiores potências do mercado de tecnologia

Você sabia que o Brasil está entre as dez maiores potências mundiais do mercado de tecnologia? Com o avanço das empresas, principalmente das relacionadas ao desenvolvimento de software, o país subiu da 12ª posição no ranking mundial, em 2022, para a 10ª posição, conforme divulgado pelo estudo “Mercado Brasileiro de Software: Panorama e Tendências 2024”, da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES).

Porém, não basta apenas conhecer os números: é necessário saber os motivos pelos quais o país tem se destacado mundialmente. Afinal, o avanço das empresas de desenvolvimento de software impacta diretamente na evolução de outros setores da economia e na transformação digital nacional.

Aqui no Blog da Caiena, já falamos sobre a maturidade tecnológica das empresas brasileiras, que ainda figura em uma posição mediana, apesar dos avanços do setor de tecnologia da informação. Hoje, damos continuidade a essa conversa para entender melhor como o país segue crescendo no mercado de tecnologia global.

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• ‍O Brasil no mercado de tecnologia global
• Fatores que impulsionam as empresas
• Transformação digital no Brasil

Com investimentos na casa dos US$50 bilhões, o mercado de tecnologia brasileiro assume hoje a 10ª posição entre as potências globais de tecnologia, conforme apurado pelo estudo “Mercado Brasileiro de Software: Panorama e Tendências 2024”, da Associação Brasileira das Empresas de Software.

Com este resultado, o país ultrapassou potências como a Coreia do Sul e Itália. Além disso, o Brasil está em primeiro lugar no ranking latino-americano: 37% dos investimentos em tecnologia no mercado latino são representados pelo mercado brasileiro.

Também de acordo com a ABES, a tendência é de que haja um crescimento global na ordem de 7,4% ainda em 2024, enquanto o avanço do índice brasileiro deve ser de 6%. Vale relembrar que, em 2023, o mercado de tecnologia global cresceu 4,1%, e houve uma queda de 0,4% de investimentos no Brasil.

De acordo com Jorge Sukarie Neto, conselheiro da Associação Brasileira das Empresas de Software e responsável pelo estudo “Mercado Brasileiro de Software”, os negócios nacionais estão evoluindo no grau de maturidade de investimento, impulsionado cada vez mais o mercado de empresas de desenvolvimento de software e serviços. 

‍“O grau de maturidade dos investimentos em TI é avaliado tendo como base o aumento dos investimentos em inteligência (software + serviços) versus a queda nos investimentos em hardware. Nos últimos anos verificamos esse movimento da queda da participação de hardware nos investimentos totais de TI, demonstrando que a base instalada de hardware já vem atingindo sua maturidade. Por outro lado, vimos os investimentos em software e serviços crescerem e pela primeira vez desde que começamos o estudo, em 2004, com a soma dos investimentos em software e em serviços superando os investimentos em hardware, mostrando o avanço que o Brasil teve no grau de maturidade de seus investimentos em TI”.

^{Jorge Sukarie Neto, conselheiro da Associação Brasileira das Empresas de Software e responsável pelo estudo “Mercado Brasileiro de Software”.}

Sukarie ainda observa que há uma boa perspectiva de crescimento para os próximos anos, principalmente devido ao desenvolvimento de soluções relacionadas à inteligência artificial generativa que, segundo ele, deve impulsionar os investimentos dos próximos cinco anos no setor.

Hoje, segundo o especialista, os investimentos em tecnologia da informação representam 1,6% do total do mundo, e o Brasil representa 2% do PIB mundial. "Eu não consigo enxergar por que o Brasil não pode também representar 2% dos investimentos totais de tecnologia. Então, considero que o Brasil tem uma janela de oportunidade enorme nos próximos anos para que ganhe investimentos e consiga prover um serviço de melhor qualidade para o cidadão na esfera pública e também na iniciativa privada, um investimento pesado em infraestrutura, em saúde, em educação para que a gente possa evoluir bastante como país". 

Ao passo que as empresas de desenvolvimento de software e tecnologia em geral evoluem, a transformação digital do Brasil segue em frente, porém em passos mais lentos – a maturidade tecnológica das organizações do país ainda se encontra em um patamar mediano. Em uma escala de 1 a 6, o índice de transformação digital médio das empresas brasileiras é de 3,3. Este dado foi constatado pelo estudo “Índice Transformação Digital Brasil 2023”, realizado pela consultoria PwC Brasil e a Fundação Dom Cabral (FDC).

Ao comparar os resultados do estudo por segmentos do mercado, o mais alto índice de maturidade tecnológica é o  da indústria de serviços financeiros, 4,1. Já os mais baixos são os indicadores de saúde e produção industrial, com nota 2,9.

O Brasil pode conquistar grandes ganhos econômicos pelo desenvolvimento de sua capacidade tecnológica, como apontado no livro "Capacidade tecnológica e inovação: desafios para a transição industrial e econômica do Brasil”, que traz dados da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE).

O pesquisador responsável pela obra, Paulo Negreiros Figueiredo, observou ao portal da FGV que hoje, no Brasil, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são altos, mas ineficazes. Ele explica que as empresas que inovam realizam, em sua maioria, pequenas adaptações ou imitações criativas. 

‍“O Brasil tem um longo histórico de concentrar a pesquisa básica nas universidades e institutos públicos de pesquisa. Ocorre que várias dessas pesquisas, com algumas notáveis exceções, não se conectam com as demandas da sociedade e da economia. (...) O atraso tecnológico do Brasil é acompanhado de uma frustração com a não materialização de objetivos prometidos em documentos de políticas públicas, protelação de reformas estruturais, alguns retrocessos, ausência de projeto nacional e o desperdício de talentos e oportunidades. Por isso, é necessário avançarmos no debate sobre o aumento da eficácia dos investimentos em P&D no Brasil. Afinal, este investimento eficaz é um direito social das gerações futuras do país e um dever da geração presente".

^{Paulo Negreiros Figueiredo em entrevista ao portal da FGV.}

Sabemos que entender o presente é fundamental para criar metas e alcançar os objetivos do futuro. Nesse contexto, acompanhamos a realidade do mercado de desenvolvimento de software de perto e compartilhamos por aqui.

As organizações que desejam criar novas soluções para apoiar metas e objetivos estratégicos têm na transformação digital um importante recurso, por aliar métodos contemporâneos de gestão às novas tecnologias. Se quiser continuar essa conversa com nossa equipe, entre em contato.